sábado, 26 de fevereiro de 2011

A lembrança é o que me resta...



E tudo começa assim: saudade, sorriso, olhar, cheiro, toque, palavras e tudo se mistura, com o vento, com o pensamento...
Um som, um gemido, tudo se entrelaça. Sua mão na minha, seu corpo no meu, nosso suor, nossa saliva, nosso desejo, nossas almas se encontram num ato quase espiritual.
E tudo se intensifica: À vontade, as sensações, os beijos, o movimento se acelera como uma coreografia  e faz o sangue que corre em minhas veias ferver e percorrer meu corpo como uma corredeira sem fim. O coração quase não me cabe no peito de tanto saltar. Os sentidos mandam e o corpo obedece mesmo sem haver qualquer palavra de ordem, e então surge à sintonia entre as almas e um simples olhar responde a todos os anseios.
E a explosão ocorre em um espetáculo de sons e sentidos que transcendem os corpos, tornando-os divindades e ultrapassa as fronteiras dos lençóis, do quarto, da casa, e a energia liberada no ápice do momento se expande para o universo inspirando assim, de forma sutil, outras almas a se encontrarem.
E tudo acaba assim: os corpos se desconectam vagarosamente, o pulmão busca o ar que lhe foge, a boca seca pede água, o corpo suado pede um banho, chega um cansaço gostoso, uma sensação de missão cumprida, de desejo realizado.
E aos poucos tudo se torna lembrança. O afastamento é natural, o desejo se esconde, se aquieta , esperando o próximo encontro de almas febris na eterna busca pela satisfação carnal.

Natália Romano

Nenhum comentário:

Postar um comentário